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REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências
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Ana Luísa Janeira
Foto de José M. Rodrigues |
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ALESSANDRO ZIR
Da epistemologia à ontologia:
Ana Luisa Janeira
e a tarefa de escrita do pensamento |
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EDITOR| TRIPLOV |
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ISSN 2182-147X |
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DIREÇÃO |
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Maria Estela Guedes |
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Numa entrevista concedida no
Brasil à revista Episteme, quando questionada quanto à forma
como gostaria de ser apresentada aos leitores, depois de uma ínfima
mas pungente hesitação (invisível a todos que não a conhecem) que se
traduz muito paradoxalmente na disponibilidade objetiva e imediata
da resposta, Ana Luisa Janeira refere-se à sua permanente
preocupação com o rigor reflexivo e crítico. Era uma resposta que se
podia esperar de alguém que fez parte de sua formação na França com
Henri Gouhier e Madeleine Barthélémi-Madaule, e uma resposta que
também não torna surpreendente a outra referência feita pela própria
Ana Luisa, mais adiante na mesma entrevista, a duas de suas várias
influências intelectuais: Virginia Woolf e Carl Theodor Dreyer. (1)
Ora, Ana Luisa Janeira representa um daqueles casos raros, e cada
vez mais raros hoje em dia, em que o exercício do pensamento se faz
atento à própria forma do pensar, à maneira como o embate entre
diferentes conceitos, e entre os conceitos e aquilo mesmo que eles
esquematizam, tem de ser cuidadosamente expresso para poder ser
percebido, pelo pensamento ele mesmo, para além da pessoa que o
formula, e inclusive, sem demagogia, para além daqueles que o vão
ler. |
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Pelo menos para alguns poucos que,
como ela, alheios à pretensa segurança dos discursos especializados cuja
significação se esgota nos intuitos legitimadores de dentro e de fora da
academia, insistem em tal exercício — o exercício de pensar, de pensar o
próprio pensamento, para além de pensar algo, um conteúdo — a
impressão mais forte que fica de muitos textos de Ana Luisa é a da
edificação paulatina e silenciosa de uma estrutura topográfica. Uma
estrutura topográfica cujo traçado se complica pela análise ao mesmo
tempo minuciosa e ousada de materiais opacos, dispostos em sua crueza
inaudita. Materiais de diversas ordens: experiências vividas in loco,
dados historiográficos colhidos em literatura secundária erudita,
passagens originais de manuscritos, peculiaridades arquitetônicas etc. A
eles se somam a entrada brusca, truncada, de certos parágrafos e frases.
E uma riqueza vocabular de sonoridade exuberante e pitoresca (pelo menos
aos ouvidos menos sofisticados de qualquer brasileiro): espólio,
herdade, vias férreas, malha comunicativa, surtos fundamentais, espectro
estrutural, comboio, casario espalmado, paragem, medida dilatada dos
espaços, sobranceira, praça preambular, bitola, prolongamento de linhas
(férreas), hasta pública, frondosas laranjeiras, diálogos centenários,
fachada encimada, barra de azulejos, situações congêneres, cronologias
históricas, letras móveis, daguerreótipos, pertença, mazela, concelhio,
depositário, jusante, musealizar, desmultiplicar — que faz fervilhar um
pequeno texto, mais que isso, um parágrafo. (2)
Essa escrita é ela mesma um
arquivo, um corpus scriptorum, e assim furtivamente se alinha
aos objetos a que se dedica, e nessa cumplicidade revela matizes
escondidos não apenas naquilo de que ela trata, mas nela própria,
desdobramentos insuspeitos. Algo nela e contra ela lhe impede de
permanecer a escrita daquilo que ela disponibiliza e nela aparece. Mesmo
nos momentos em que ela se propõe, por exemplo, como um mero estudo
tipológico de fenômenos como o coleccionismo: da posse individual em
âmbito privado à aquisição institucional em âmbito nacional e
transnacional (tesouros e patrimônios da humanidade), com especial
atenção ao percurso percorrido pelos objetos e critérios de
hierarquização (“dominâncias”) em diferentes coleções. (3)
Tais matizes escondidos na relação
dessa escrita com seus objetos e ela mesma contrabalançam aquilo que
eventualmente se poderia desvelar como sugestões um pouco ingênuas — e
até mesmo demasiado ingênuas para uma autora que poderia ter sido uma
medievalista: a de que a Idade Média e a escolástica pudessem ter sido
abandonadas e superadas pelo desenvolvimento de uma configuração
epistemológica moderna no encontro entre o velho e o novo mundo. (4) Ou
a de que a Renascença é um período de “desconstrução do teocentrismo
medieval” e avanço de um humanismo individualista de caráter mais laico
que religioso. (5) Não que tais sugestões não sejam pertinentes. Elas
são pertinentes do ponto de vista do que aparece de forma mais imediata
e na superfície. Uma ênfase em diferenças visíveis é, aliás,
indispensável ao traçado de descontinuidades num sentido legitimamente
foucaultiano, ao qual Ana Luisa explicitamente subscreve. E no entanto,
atenta ao desdobrar do próprio pensamento, ela não pode se furtar a
expressar o caráter insistentemente obscuro de uma palavra como
“tesouro”, em que a noção de valor se vincula irremediavelmente ao que
estaria por definição escondido ou inacessível. E numa estratégia fatal
baudrillardiana, ela corajosamente correlaciona o colecionar e o
consumir, esse último entendido num sentido que extrapola o imperativo
(moderno, científico) de “colher, reunir, juntar” na direção de uma
consumição em princípio ilimitada que poria em jogo a própria lógica do
adquirir. Ana Luísa soube apontar também para o desequilíbrio intrínseco
ao caráter nômade das expedições naturalistas e antropológicas (por
exemplo, no caso de Lévi-Strauss). Um anexar de fronteiras que implica
uma sensação correlativa da perda inexpiável dos próprios limites. (6)
Chega-se assim, através dessa
escrita, aos confins daquilo que pode ser construído por um sujeito,
pelo sujeito moderno epistêmico. É só aqui, nessa região de confins, que
se pode cogitar sem demagogia a ideia de um “gerir” em contraposição ao
usual “explorar”. Que se pode fazer, por exemplo, a defesa de um tipo de
museologia que privilegie posturas participativas em detrimento de
falsos ideais de neutralidade científica, e até mesmo o elogio
neorromântico de uma parcimônia feminina no seio da sociedade
pós-moderna americana. (7) Mas é também aqui que não se pode deixar de
perguntar igualmente pelo esgotamento do caráter significante da
linguagem diante de demandas que são antes de qualquer coisa de uma
ordem simbólica — da linguagem como valor articulado de diferenças
negativas, da economia como potlatch e dépense improductive.
Em suma, fica-nos atravessada a tarefa de pensar se é realmente
possível transferir a noção do sagrado ao campo do desenvolvimento sem
fim, através de um paulatino domínio da natureza, como parece ter sido o
sonho das ciências no século XIX, e ao qual ainda não substituímos
nenhum outro. O pensamento conseguiria um dia se subordinar à ideia de
uma apropriação ou pertença autorreferencial e legítima (seja do europeu
ou do indígena, pouco importa), sem correr o risco de cair no pior tipo
de violência, a brutalidade não mediada? A brutalidade que é a falta de
reconhecimento da sua crueldade intrínseca? A escrita pensante de Ana
Luisa Janeira nos convida, entre outras coisas, a uma reflexão mais
consistente sobre as implicações antes escatológicas do que marxistas de
uma noção como a de “fantasmagoria” benjaminiana. (8)
***
Em nome dessa escrita, pode-se
arriscar aqui o matricídio (que em relação à tradição filosófica tem o
mérito da inovação pelo menos no que diz respeito ao gênero — da
escrita para a mãe, numa maiêutica invertida e obliterada) de se
questionar abruptamente a autora sobre o sentido de se dizer que hoje em
dia “temos um grande conhecimento a respeito do corpo e da mente e
também do que é uma vivência saudável”. Mas não para dizer simplesmente
que não o temos. Ou, ainda, pode-se colocar a Ana Luísa uma questão mais
pontual e interessante: em que medida o desenvolvimento tecnológico de
fato supera dicotomias originárias como as existentes entre natureza e
cultura? Como ela mesma reconhece com certa dificuldade, tal imperativo
de superação não se dá na contracorrente do iluminismo, mas é em verdade
iluminista: e é um imperativo iluminista de raiz romântica, que a
escrita sentiria o dever, inconfortável, de questionar. (9)
Porque no que ele tem de mais
radical, o questionamento de Michel Foucault (assumido por Ana Luisa “de
forma penosa”, e nem por isso menos “bem sucedida”, como um desafio) é
anti-iluminista e antirromântico. Sabe-se que o que Foucault aprendeu de
autores como Nietzsche, Bataille e Blanchot, que lhe permitiram romper
com a fenomenologia (corrente de pensamento de maior legitimidade
acadêmica na França no momento em que ele dá início à própria reflexão),
foi a noção da importância dessas experiências de limite e de confins,
que arrancam o sujeito de si mesmo, fazendo-o alcançar aquele ponto em
que a vida corajosamente se aproxima e risca uma intimidade com o que
não poderia ser vivido. É o caminho contrário ao do humanismo sartreano,
que assenta na perspectiva de que o sujeito deve buscar em si mesmo, na
sua própria consciência, um direcionamento suficiente para fazer frente
às perplexidades da existência. É um caminho que também, na sua própria
radicalidade, pode ser dito neoconservador, porque ele se permite a
recusa de todo e qualquer direcionamento, e espera por um acontecimento
que implica algo mais do que um desmascarar, pelo sujeito (seja ele quem
for), de ideologias. Como já foi dito, não é preciso muito para ler
Foucault, como um estoico, um reinventor da sociologia funcionalista, ou
ainda, por que não? — uma espécie de quietista laico! (10)
A escrita reza que “a maior parte
da vasta Cartografia com registos do Brasil não tem imagens dos seres
naturais. A que inclui essas imagens limita-se a algumas representações
pouco fidedignas e a muito poucas que permitam a identificação através
de carateres fisionômicos realistas...”, para em seguida sugerir que
aquilo que não tem visibilidade pode ainda assim existir. Mas o que ela
também não pode nos impedir de pensar, e por isso nos insita a sugerir,
é que algumas coisas não aparecem não apenas porque tenham sido perdidas
ou escondidas, ou por causa da “fragilidade do material”. (11) Quiçá a
cartografia portuguesa tenha uma riqueza insuspeita pelo que ela não
mostra e não poderia mesmo mostrar. Ana Luisa, na tarefa de
escrever o pensamento, dá de qualquer forma o passo metafísico na
direção de uma reflexão de ordem mais ontológica do que epistemológica
(na direção daquilo que desafia a possibilidade de uma teoria, de uma
visualização).
É o reconhecimento da raiz
heideggeriana da investigação arqueológica (“pensar é habitar”). De
fato, em seus estudos sobre os jesuítas, Ana Luísa não faz senão
considerar diferentes modos de existência a partir de um confronto mais
fundamental com as suas formas espaço-temporais de expressão. É a
intuição do modelo arquitetônico das missões, daquilo que ela chama de
“dispositivo montado a partir do quadrilátero”, constituído pelas casas
dos índios, ocupando três lados, e a igreja centrada numa posição
frontal. Dispositivo que se liga a uma tradição institucional que
privilegia os vazios interiores. (12) Ana Luisa soube reconhecer o jogo
de forças que, em sua tensão e para além dos sujeitos que ele institui,
erige tais espaços: a “coexistência de duas lógicas... uma que dá
primazia à área habitacional”, e que fica na parte da frente, e outra
que privilegia a Igreja. Essa, mesmo ficando na parte de trás, exerce um
controle sobre a casa dos índios e a praça. É o que a autora também
caracteriza como uma preponderância da orientação sobre a posição, nessa
topologia católica, evangélica, hagiográfica. (13) As missões seriam um
espaço em que o sagrado ao invés de ser contido e controlado dentro de
um templo (ou por um ou mais sujeitos), acaba difundido de forma
organizada (em verdade, a organizar). Quer dizer, nelas o sagrado
é administrado (e essa palavra tem aqui, num contexto
religioso/ritual, um valor essencialmente ambíguo) ao/através do espaço
circundante. Dito de forma um pouco mais brutal: ele se administra. (14)
Em investigações como essas, Ana
Luísa está em busca do que seria “o espírito” de um lugar, quer dizer, a
maneira como a topologia de uma cidade, por exemplo, Évora, reflete a
sua cronologia, e como a sua cronologia é de certa forma espacial. Ela
faz uma referência à sugestão de Leibniz de se pensar o tempo não como
sucessão (na cabeça de um sujeito), mas como coexistência. A “cultura
histórica e o conhecimento epistemológico” serviriam assim para
enriquecer “o sentir imediato”, a maneira como convivemos
quotidianamente nos diferentes ambientes que nos cercam. Resta saber se
esse sentir pode agora ser reduzido ao sentir de um ou mesmo de vários
sujeitos. (15) Ana Luísa de qualquer forma defende “a permanência
de vazios” no “diálogo entre a atualidade e o passado”. (16) Dialogar
com o passado é um pouco viajar no espaço, e também, um “desvelar” em
sentido Heideggeriano:
Do ponto
de vista ontológico – gnosiológico, viajar é um fenômeno muito complexo,
pois gera processos, no estar e no conhecer, incidindo em duas
categorias fundamentais da inteligibilidade da convivialidade: a
categoria do espaço e a categoria do tempo.
Na
verdade, altera a ordem das coexitencias, como altera a ordem das
sucessões, obrigando a uma maior flexibilidade nos pensamentos e nos
gestos. Situação que implica metamorfoses assinaláveis, na medida mesma
em que toca inerências do homem e da sua circunstância...
Viajar é
des-cobrir.
“Des-cobrir” é uma oportunidade especial para que o “coberto” ou o
“in-coberto” se desvele, naquela operatividade única, onde Martin
Heidegger situou o conceito de verdade, na sua origem grega. (17)
Mas o próprio processo do desvelar
não pode ser reduzido à revelação de algo que permanecia
encoberto. Para ele não há representatividade. A escrita do pensamento
que se pensa extrapola a unidade de significado conferida pelo sujeito
de conhecimento. É assim que “o mundo” (“a Nossa Senhora madeirense, o
são José mediterrâneo, o recém-nascido peruano, o pastor alentejano, o
rei mago hindu, o espigueiro minhoto, a palhota africana, a casa andina,
a palmeira nordestina”) que essa escrita nômade de si mesma quer fazer
presente “é maior que o mundo” — uma volta que é volta, e ainda
assim (no sujeito) não se completa. (18) |
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(1) MENEGAT, R. “Como se entrelaçam
Inovação Científica, Saberes Tradicionais e Culturas Globais na
Descoberta do Mundo: Entrevista com Ana Luisa Janeira.” Episteme,
Porto Alegre, no 15, p. 15-26, ago./dez. 2002
(2) JANEIRA, A. L. “Restos de Coleções,
Promoções no Tempo e Saldos pela História”. Episteme, Porto
Alegre, no 20, suplemento especial, p. 327-334, jan./jun.
2005.
(3) JANEIRA, A. L. “Configurações
Epistêmicas do Coleccionismo”. Episteme, Porto Alegre, no
20, suplemento especial, p. 229-245, jan./jun. 2005.
(4) Op. cit. p. 231.
(5) JANEIRA, A. L. BORRALHO, L. FORTES, M.
“A Cartografia Portuguesa Mapeando a Natureza Brasílica.” Episteme,
Porto Alegre, no 20, suplemento especial, p. 19-30, jan./jun.
2005, p. 26-27.
(6) JANEIRA, A. L. “Configurações
Epistêmicas do Coleccionismo”, p. 235-37. JANEIRA, A. L. PINTO, P. M.
“Andarilhos, Comerciantes, Espiões Naturalistas e Outros Cientistas em
Saques, Expedições e Exposições”. Episteme, Porto Alegre, no
20, suplemento especial, p. 59-72, jan./jun. 200, p. 68-69.
(7) Op. cit. p. 65-66. JANEIRA, A.
L. “A Configuração Epistemológica do Colecionismo Moderno. (Sec.
XV-XVIII)”. Episteme, Porto Alegre, no 20, p. 25-36,
jan./jun. 2005, p. 30-31. Janeira, A. L. “A Amazonia &Companhia
Importada para o Público Norte-Americano” Episteme, Porto Alegre,
no 20, p. 93-106, jan./jun. 2005, p. 96-98.
(8) Op. cit. p. 102. Discussões
sobre o caráter escatológico das concepções benjaminias sobre a
história, e as bases teológicas de tais concepções podem ser
encontradas, por exemplo, em James MacBride, “Marooned in the Realm of
the Profane: Walter Benjamin’s Synthesis of Kabbalah and Comunism”,
Journal of the American Academy of Religion, vol. 57, n. 2, (Summer,
1989), pp. 241-266. Hansen, Beatrice.
“Language and Mimesis in Walter Benjamin’s work”. In: David S. Ferris.
The Cambridge Companion to Walter Benjamin. Cambridge Univ.
Press, 2006, pp. 54-72. Caygill, Howard. “Walter Benjamin’s concept of
Cultural History”. In: David S. Ferris. The Cambridge Companion to
Walter Benjamin. Cambridge Univ. Press, 2006, pp. 87ff.
(9) Op. cit. p. 102-103.
(10) SLUGA, H. “Foucault’s Encounter with Heidegger
and Nietzsche”. In G. GUTTING (Ed.) The Cambridge Companion to
Foucault, 2005, p. 224-228. RORTY, R. “Habermas and Lyotard on
Post-Modernity.” Praxis International, 4:1, April, 1984, p. 40.
HACKING, I. Historical Ontology.
Cambridge: Cambridge University Press, 2002, p. 85-86. É possível ainda
relacionar algo da abordagem “historicista” de Foucault ao positivismo
Comtiano. Isso porque a análise de ambos autores depende de uma
constatação do caráter “positivo” assumido por certas proposições em
diferentes contextos históricos que vão dar origem a saberes e
disciplinas científicas. O positivismo é muito mais próximo de um
relativismo do que se imagina (HACKING, Op. cit. p. 164-68,
190-91). E não se deve esquecer que Comte faz uma crítica dos excessos
racionalistas do pensamento cartesiano que estaria próxima da crítica
feita por autores como Schelling e Kierkegaard dos excessos
racionalistas de Hegel.
(11) JANEIRA, A. L. BORRALHO, L. FORTES, M.
“A Cartografia Portuguesa Mapeando a Natureza Brasílica.” Episteme,
Porto Alegre, no
20, suplemento especial, p. 19-30, jan./jun. 2005, p. 26.
(12) JANEIRA, A. L. Globalização
missioneira: a memória entre a Europa, a Ásia e as Américas. Cadernos
IHU, São Leopoldo, ano 8, no 33, 2010, p. 26.
(13) Op. cit. p. 29-31.
(14) Op. cit. p. 35.
(15) Op. cit. p. 44.
(16) Op. cit. p. 54.
(17) JANEIRA, A. L. JANEIRA, I. M. “Viajar
e Sonhar pela Coleção.” Episteme, Porto Alegre, no 20,
suplemento especial, p. 283-92, jan./jun. 2005, p. 288.
(18) Op. cit. p. 291-92.
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Alessandro Zir (Brasil).
Filósofo, jornalista e escritor com publicações no Brasil, Canadá,
Chile e Portugal, incluindo capítulos de livros, artigos, crítica
literária e de cinema, traduções e ficção. Membro do GIFHC (Grupo
Interdisciplinar em Filosofia e História das Ciências), do ILEA
(Instituto Latino-Americano de Estudos Avançados da UFRGS). Tem
apresentado trabalhos em simpósios internacionais em instituições como o
Max-Planck-Institut für Wissenschaftsgeschichte (Berlim,
Alemanha), a Biblioteca Municipal de Evora (Portugal), e a Universidade
Católica Portuguesa (Braga, Portugal). Foi bolsista da Capes de
doutorado pleno no exterior, tendo obtido o título de doutor pelo
Interdisciplinary PhD Program da Dalhousie University (Halifax,
Canada), em julho de 2009.
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© Maria Estela Guedes
estela@triplov.com
PORTUGAL |
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